Os compromissos de Mário Hildebrandt com o Bom Retiro

O atual prefeito foi eleito com 72,0% dos votos válidos 

Com 108.591 (72,1%) dos votos válidos o atual prefeito Mário Hildebrandt (Podemos) comandará Blumenau pelos próximos quatro anos. Ele era vice de Napoleão Bernardes e assumiu o cargo após a renuncia do titular para concorrer a vice-governador em 2018. Foram dois anos e meio de gestão, onde seu principal desafio de Mário foi coordenar as ações do município neste período de pandemia do coronavírus. Mesmo diante desse cenário obscuro, sem prazo para terminar enquanto não houver vacina, também impulsionou uma série de obras para melhora a mobilidade na cidade, incluindo as duas pontes que serão sendo erguidas na região central.

No primeiro turno da campanha eleitoral, assim como outros oito candidatos à prefeitura, o atual prefeito aceitou prontamente o convite do VIVER BOM RETIRO para participar de uma live em nossa página no Facebook. Foram quase 60 minutos de conversa com o jornalista Giovani Vitória, na noite do dia 05 de novembro, faltando 10 dias para o primeiro turno.

Na entrevista, foram apresentadas as principais demandas do bairro: sistema viário, meio ambiente, crescimento desordenado, ocupação de encostas com alto risco geológico, manutenção e pavimentação de ruas, entre outros temas.

Nesse bate papo assegurou que terá o máximo de cuidado para não aprovar obras que agridam a natureza e possam acarretar risco e prejuízos aos moradores, especialmente em projetos que pretendem ocupar encostas de morro consideradas de alto risco geológico.

Considerou a revitalização da Victor Hering uma dívida do município com o bairro e garantiu que a via receberá pavimentação asfáltica e as merecidas melhorias como passeios. Do mesmo modo, soluções para o sistema viário.

O tema voltou à pauta no segundo turno, quando o prefeito Mário Hildebrandt, a pedido do VIVER BOM RETIRO, encaminhou um vídeo de quase um minuto, onde reiterou os compromissos feitos na live de 05 de novembro. “Já temos obras e ações projetadas prontas para sair do papel, com impacto direto no bairro, principalmente na área de mobilidade”, resumiu. Assista esse vídeo, clicando aqui: https://www.youtube.com/watch?v=AkyAOvqQEfw&feature=youtu.be

Confira a entrevista completa e abaixo, um resumo dos assuntos abordados, transcritos pela reportagem do VIVER BOM RETIRO.

https://www.facebook.com/watch/?v=662769704290656

 

RESUMO DA LIVE COM MÁRIO HILDEBRANDT

VIVER BOM RETIRO: Um dos nossos principais problemas, talvez o maior, é o sistema viário. Há décadas o bairro serve como principal ligação entre a Velha e o Centro e vice-versa. Contudo, nunca recebeu investimentos para melhorar a malha viária existente. Muito pelo contrário. Nos últimos anos, por exemplo, motoristas se viram obrigados a trafegar até a Alameda. Itinerário que em horas de pico se torna lento e estressante. Uma mudança, no entendimento dos moradores, equivocada, já que o trânsito que vem do bairro se encontra com o vindo do Garcia. Já sugerimos o binário e a revitalização da Victor Hering, a mudança de sentido único para dois na Floriano, a volta de dois sentidos na Nereu Ramos, entre o mercado e a Barão, escoando esse fluxo para o segundo trecho da Nereu (Camelódromo e Praça Dr. Blumenau) até a chegada da Beira-Rio. Também a abertura de raio de curvas no Morro da Cia, em trechos em descida da via, em direção a rua João Pessoa. Perguntamos ao candidato: essas alternativas poderiam ser implementadas em sua gestão ou quais os outros projetos que vislumbra, na tentativa de solucionar o problema?

MÁRIO HILDEBRANDT: Estamos atacando as principais demandas em relação ao sistema viário de Blumenau, pautada na pesquisa de origem e destino (dizendo de onde as pessoas vem e vão em horários de pico) que nos orienta a fazer uma série de mudanças importantes. A reabertura da Ligação Velha-Garcia foi uma delas. Eu tenho um compromisso de consolidar essa ligação ou buscar uma nova alternativa definitiva para o projeto, interligando a João Pessoa e a Hermann Huscher, via túnel ou outro trajeto. Mas é preciso um estudo mais aprofundado sobre esse tema. Não com um projeto faraônico, mas algo possível de ser executado, mais prático e barato. E também precisamos oferecer alternativas de acesso ao Bom Retiro. Nesse momento, mais fáceis e práticos de serem utilizados. Eu me coloco à disposição para continuar debatendo com a comunidade e trazer essas alternativas. Assumo o compromisso de estudar e apresentar a resposta correta em relação a cada um dos temas. Se eu afirmar que irei implementar, daqui a pouco não conseguirei fazer por uma série de razões de origem e destino que necessitam ser avaliadas.

 

VIVER BOM RETIRO: Aproveitando a necessidade de revitalizar a Victor Hering, rua Velha ou rua do hospital, como é conhecida, a maioria de nossas ruas pavimentadas carecem de uma manutenção adequada, inclusive a Hermann Hering e o Morro da Cia, com asfaltos remendados e várias crateras. Em suas de lajotas, com grande fluxo, como a Tiradentes (rua da Ecomax), Cuiabá e Richard Holetz, o problema é o mesmo, com lajotas soltas, quebradas, desniveladas. Qual o planejamento do candidato para mudar essa situação, caso seja eleito?

MÁRIO HILDEBRANDT: Em relação a rua Victor Hering, quero assumir um compromisso, pois é uma dívida que o município tem com o Bom Retiro: temos uma obrigação de colocar uma camada asfáltica e revitalizar essa via. Ela é importante para comunidade e faz parte de um projeto de reorganização do sistema viário na região. Tenho toda tranquilidade de assumir esse compromisso com vocês. As demais vias com pavimentação antiga precisamos fazer um estudo, pois no momento não temos recursos.

 

VIVER BOM RETIRO: Vivemos um dilema no bairro: ao mesmo tempo que buscamos uma solução sustentável para resolver o problema viário, tememos uma ocupação das encostas e nossos morros por obras como a famosa Ligação Velha-Garcia, onde o impacto ambiental seria grande. Lembrando que estamos situados num vale estreito, onde toda a água que vem dos morros deságua no estreito canal do Ribeirão Bom Retiro. Aliado a isso, convivemos com o eterno medo de deslizamentos por conta de nossa frágil geologia. Num passado recente, vimos esses solos se transformando em “gelatina”, vindo abaixo, com danos aos patrimônios construídos pelos moradores, com suor e sacrifícios (muitos deles de famílias humildes, ex-colaboradores da Hering e do Curtume Otte) e por muito pouco de vidas. Temos 24 cicatrizes nas encostas do bairro, fruto desses deslizamentos. Como prefeito, qual será seu olhar para a preservação desse cinturão verde e frágil, quase uma bomba-relógio, por conta dessas características, se não for cuidado?

 

Outro aspecto: as áreas do bairro são visadas pela incorporadas. Mesmo com o Plano Diretor limitando o número de andares em prédios, por pouco não teríamos aqui duas torres com quase 20 andares. Temos informações do interesse de uma administradora de bens em erguer um condomínio fechado de luxo numa área de topo de morro, instável, considerada de preservação e alto risco geológico. Apesar do manifesto dos moradores, por meio de abaixo-assinado, pedindo contrapartidas, ele segue tramitando na Prefeitura, sem ouvir quem está na base do morro. Novamente, famílias humildade que ergueram suas casas com muito sacrifício. Como o prefeito de Blumenau pode frear esse tipo de interesse pelo bem do coletivo? Ou o bairro corre o risco de também se transformar numa selva de pedra, a exemplo da Vila Nova, ou ter teus topos de morro novamente devastados, sem agora ter a chance de ver uma empresa como a Hering, investindo fortemente no reflorestamento e recomposição da flora? 

MÁRIO HILDEBRANDT: Temos que tomar o máximo de cuidado para não agredir a natureza, ainda mais nessa região, acidentada e com grande risco de mexer e ter consequências futuras. Não vou abrir mão da responsabilidade do cuidado com as questões ambientais na cidade como um todo. Vivi isso em 2008, acolhi e vi famílias chorando, perdendo absolutamente tudo. Então, poder ter a certeza que terei essa preocupação durante a minha gestão.

  

VIVER BOM RETIRO: Por conta de muitos terrenos baldios, áreas de preservação ambiental, cinco ruas do bairro ainda não foram pavimentadas em razão da dificuldade em adesão pelo sistema de mutirão. E a legislação para fazer de maneira particular impõe regras que tornam o projeto inviável e caro para os moradores. Existe alguma forma de mudar esse cenário, a legislação ou busca de recursos externos para viabilizar essas melhorias? Afinal, são apenas cinco ruas, a maioria de pequena extensão.

MÁRIO HILDEBRANDT: Em relação as ruas não pavimentadas, estamos buscando soluções, via mutirão ou emenda parlamentar para cobrir o valor dos moradores e o restante a Prefeitura assumiria. Me proponho a discutir o assunto com parlamentares e a buscar recursos. Vamos trabalhar isso em parceria com vocês, buscando o apoio dos deputados estaduais.

 

VIVER BOM RETIRO: As calçadas, especialmente na Hermann, Victor e Bruno Hering, são precárias. Hoje a responsabilidade é do proprietário, mas a amarras da lei, tornam a busca por soluções mais lenta. Como rever isso?

MÁRIO HILDEBRANDT: A primeira coisa que eu teria vontade de fazer é arrancar os postes no meio das calçadas. Não só no Bom Retiro. Para mudar um poste, precisamos pagar de R$ 7 a 30 mil para Celesc. Eles usam o espaço do município e ainda precisamos pagar para mudar um poste de lugar. É preciso desabafar. Tenho uma perspectiva de fazer calçadas na cidade toda, notificando os moradores – não multando –, informando que tem um passeio a ser feito. Se o município fizer vai custar X valor e se aceitar, executamos e cobramos no IPTU do ano seguinte, em parcelas. Se o proprietário decidir fazer, tem 60 a 90 para executar, caso contrário será multado. A proposta é constituir um fundo municipal para passeios, depositando um valor inicial e depois fazer esse recurso girar para amenizar o problema. Se a comunidade topar, a Victor Hering poderia ser o projeto embrionário.

 

VIVER BOM RETIRO: Do abaixo assinado de 2016, pedindo cinco travessias elevadas, ainda haviam duas pendentes (a do Assados Bom Retiro foi erguida após e entrevista, paga pela Ecomax). Mas ainda falta a solução na região da SCI e saída da Alexander Flemming (Colégio Visão). Qual o caminho?

MÁRIO HILDEBRANDT: No Colégio Visão temos a dificuldade de estar em curva. A legislação federal impede. Estudar uma faixa de pedestre e um semáforo com botoeira pode ser uma solução. Podemos construir essa alternativa.

 

VIVER BOM RETIRO: Vamos falar do Ribeirão Bom Retiro. O pequeno ribeirão recebe todo o volume de água que vem dos morros, mesmo com uma calha estreita. Ele hoje carece de um desassoreamento – há muitos anos não é feito. No Verão, com as fortes chuvas do final do dia, ele enche muito rápido. Apesar dos inúmeros apelos, os técnicos do município alegam dificuldade em colocar uma máquina lá dentro, por ser estreito e ter residências erguidas em quase toda sua margem. Como se soluciona uma situação dessas?

MÁRIO HILDEBRANDT: Conversei com a equipe e me informaram que todas as condições de limpeza no ribeirão possíveis foram feitas, com trator menor e maior. Em alguns locais, entrando a pé, fazendo roçada. Fizemos alguns ajustes de curva e alargamentos que eram possíveis. Seguiremos trabalhando para buscar uma solução. Infelizmente, as pessoas construíram as casas muito próximas dos ribeirões e isso aumenta a dificuldade. Posso cobrar novamente do secretário de manutenção, após as eleições, para dar mais uma olhada em relação a isso, dentro que é possível. Mas é fundamental a limpeza periódica.

 

VIVER BOM RETIRO: Ainda sobre o Ribeirão: apesar de boa parte das ruas já contar com rede de esgoto da BRK, não é raro aparecer poluentes e peixes mortos no ribeirão. Vários laudos já foram feitos, mas todos inclusivos. Como o município pode liderar um processo de investigação mais aprofundada para diagnosticar as causas?

MÁRIO HILDEBRANDT: Precisa fazer denúncia para a agência reguladora se ainda não foi feito. A concessionária tem que fazer essa investigação. A Prefeitura faz parte da agência e cobra isso. A agência precisa ir lá coletar o peixe para descobrir se é esgoto

 

VIVER BOM RETIRO: Sobre a área de lazer no bairro, temos a o terreno desapropriado e o espaço já nominado, pelo senhor, quando ainda era vereador, homenageando o Seu Osni de Souza. Também contamos com o projeto. Falta apenas o município dar o “start” com as obras e instalação da academia ao ar livre e de equipamentos urbanos. Empresas do bairro já sinalizaram seu interesse em ajudar. Como o prefeito pode ser o motivador desse processo?

MÁRIO HILDEBRANDT: Não tem que dar o “start”. Temos que fazer a praça. No próximo ano, a primeira coisa a fazer é sentar, conversar, ver quais as empresas que são parceiras e o quanto podem entrar com recursos e o valor do município para executar essa obra ou mesmo as empresas, diretamente. Fui entusiasta dessa ação, trabalhando para derrubar aquelas casas e nominar o espaço. Quero ter a oportunidade de inaugurar essa praça, talvez já no início do próximo mandato. Já tem um projeto, basta adequá-lo à nossa realidade para que possamos dar manutenção, como na escolha de materiais. É meu compromisso, gosto daquele local. 

Pergunta dos moradores 

Fabiana Jensen, protetora de animais: Aqui no bairro, assim com outros, muitos animais são abandonados. Ele perguntou sobre a sua proposta para causa animal, abandonos, castração gratuita, entre outras ações.

MÁRIO HILDEBRANDT: Ampliar aquilo que tem sido feito pelo Cepread, fortalecendo o órgão como centro de orientação e apoio. Com a Furb ou Unisociesc, em parceria, implantar um ambulatório veterinário público para atender famílias de baixa renda e protetores, na questão da castração e atendimento aos animais de rua. Como realizado no Sítio Dona Lúcia, disponibilizar um veterinário para atender a demanda dos protetores individuais, com consultas e orientações.

Marcelo Henrique da Silva, coordenador da Rede de Vizinhos da rua Augusto Otte: Os moradores do bairro são atendidos hoje pelo Ambulatório Geral no Vorstadt, não possuímos postinho ou Unidades de Estratégia Saúde da Família no bairro, nem no Centro. Existe algum projeto para descentralizar o serviço para o Bom Retiro?

MÁRIO HILDEBRANDT: Estamos discutindo a ampliação da cobertura pelas Unidades de Estratégia da Família. É preciso fazer uma avaliação e se houver condições financeiras e técnicas, com certeza a região precisa ser contemplada. Tem outra possibilidade que é a alteração do local do ambulatório. Existe esse debate, se permanecerá na República Argentina ou não. Temos esse compromisso de dialogar com a comunidade.

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