Domicílios não conectados na rede de esgoto podem ser uma das causas
A reportagem do VIVER BOM RETIRO foi até a Fundação Municipal do Meio Ambiente (FAEMA). Em mãos, os números da análise feita pelo SENAI/SC, por meio do sistema remoto HidroData. A instituição é parceira da BRK Ambiental no monitoramento da qualidade da água de rios e ribeirões da cidade, em bairros já contemplados com o sistema de esgoto tratado. Na Fundação fomos recebidos pelo biólogo Antônio Maurício Schmidt, com 34 anos de atuação no órgão.
Mesmo tendo um conceito considerado “Bom” na média final da análise, o elevado índice de coliformes fecais no Ribeirão Bom Retiro é considerado preocupante. A condição física e química do ribeirão é boa, segundo o biólogo. O mesmo não se pode dizer do aspecto biológico, na avaliação do profissional. A análise do Hidrodata aponta que o número Unidades Formadoras de Colônia (UFC) em 100 ml de água é 64 mil vezes acima do tolerado pela legislação. O aceitável é 1.000 UFC/100 ml.
O biólogo comparou o número do Ribeirão Bom Retiro com o cenário observado no Rio Itajaí, no trecho próximo ao Anel Viário Norte, onde a taxa é de 1.900 UFC/100 ml. No Ribeirão Fortaleza, num bairro que ainda não é 100% beneficiado pela rede de esgoto, o estudo aponta 11.000 UFC/100 mil.
Causas
O elevado índice de coliformes fecais do Ribeirão Bom Retiro pode ter três causas. O primeiro e principal reside na falta de interligação de domicílios na rede de esgoto. Com isso, tudo acaba indo para o ribeirão. A segunda possibilidade pode residir em nossa rica fauna do bairro, onde parte desse volume acaba indo para o ribeirão, especialmente em dias de chuva. Mas o biólogo ressalta: “Não é um volume suficiente para gerar esse índice tão elevado, observado na análise microbiológica do HidroData”. Por fim, o pouco volume de água no ribeirão, dificultando o processo de diluição dos coliformes fecais.
Outros números da análise
Os demais números são aceitáveis. O PH do Ribeirão Bom Retiro é e 6,77. Ele compromete quando é abaixo de seis e acima de nove. A análise apontou ainda 5,60 de oxigênio dissolvido. É considerado ruim quando fica abaixo de 5. O índice de fósforo, resultado do despejo de detergentes no ribeirão, tem índice de 0,10. As taxas de sólidos totais (94) e turbidez (aceitável até 70%) também são consideradas boas pela legislação. Na média geral, o IQA (índice de qualidade da água) do ribeirão alcançou 53,41 – o qualificando com o conceito “Bom”.
As variáveis de qualidade, que fazem parte do cálculo do IQA, refletem, principalmente, a contaminação dos corpos hídricos ocasionada pelo lançamento de esgotos domésticos. Este índice foi desenvolvido para avaliar a qualidade das águas, tendo como determinante principal a sua utilização para o abastecimento público, considerando aspectos relativos ao tratamento dessas águas.
A análise completa do Ribeirão Bom Retiro
Coliformes fecais: 64000.00
DBO: 1.00
Fósforo total: 0.10
Nitrogênio total: 1.50
Oxigênio dissolvido: 5.60
PH: 6.77
Sólidos totais: 94.00
Temperatura: 23.50
Turbidez: 5.28
IQA: 53.41
Para saber mais sobre o monitoramento, acesse:
https://www.sc.senai.br/hidrodata/public/index.jsf
Fotos: Raphael Guilherme Moser | VIVER BOM RETIRO
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